O MUSEU HISTÓRICO CESARIO MOTTA JR.

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Em 1944, sob inspiração de Abelardo Vergueiro César e seu trabalho na Prefeitura de Pinhal, empreendemos a formação, no antigo prédio da Prefeitura Municipal, de uma Galeria Histórica, destinada a reproduzir, através de retratos e súmulas biográficas dos respectivos Prefeitos, toda vida municipal capivariana, de 1890 a 1944.

No período monárquico, como é sabido, não houve Prefeito pois o cargo não existia. Quem lhe fazia as vezes era o Presidente da Câmara, Executivo e Legislativo a um tempo. A República criou, a princípio, um Conselho de Intendência, depois substituído pela restauração das edilidades, mas se parou os dois poderes, dispondo que os municípios teriam um Intendente, eleito pelos Vereadores. Por essa razão, quem fizesse a maioria da Câmara teria também o Intendente. Esta solução tinha o mérito de evitar a luta de Executivo com o Legislativo, que sempre tem redundado, como temos visto, depois de 1930, em dano da coisa pública.

Ocorreu-nos então começar a Galeria pelo Conselho de Intendentes, que deu origem aos Intendentes até 1908 e dai por diante aos Prefeitos, pois nesse ano se alterou a designação dos Chefes Executivos.

Para a preparação dos retratos, que seria por certa onerosa, sem cobertura de verbas pelos cofres municipais, contamos com a patriótica e sentimental colaboração dos parentes dos homenageados, a saber: Lulú Bernardino (Mário Bernardino), Chico Bernardino (Nhonho Bernardino),
Pedro Antônio Ribeiro (Benedito Cunha), João da Rocha Bueno (Benedito Pires), Padre Haroldo (Ricardo Daunt), Dr. Juca Amaral (José Amaral Filho), Artur Correa (Rome Toledo), Adolfo Stein Junior (Dr. João Stein), Nhonho Teixeira (Otávio Alves de Souza), Alencar Amaral (Saúl Amaral), Francisco Mader (Oseas Mader), Antônio Dias de Aguiar (D. Ada Dias de Aguiar), José de Melo Almada (Francisco Lobo de Melo), Álvaro Pompeu Paes de Campos (Eurico Pompeu de Toledo), Antonio Ladislau Coelho (Nhonho Coe lho), José Dias de Aguiar (Alceu Dias de Aguiar), Rosário Capóssoli (Leonir Capóssoli), Pedro Stucchi (Mário Stucchi), Mario Bernardino (Aguiarzinho e Lucas Neves), Padre Fabiano (Loja Maçônica), Cônego Fragoso (Santa Casa), Andre de Melo (Ezequias de Melo), António Pires de Campos e Padre Marques (V. S. Campos) e os demais pela Prefeitura Municipal.

A solene inauguração dessa Galeria Histórica, no dia 10 de julho de 1944, fecho da comemoração do Dia da Cidade, assinalou, de certo modo, o nascimento, ou pelo menos, a tentativa da formação de nosso Museu Histórico.

Na administração Jânio Quadros, sendo Secretário da Educação o Ministro Vicente de Paula Lima, o professor Sólon Borges dos Reis, Diretor do Departamento de Educação, preparou a expedição do Decreto n.º 26.218, de 3 de agosto de 1956, pelo qual a Secretaria da Educação ficava autorizada a instalar, subordinados ao Departamento. 4 museus escolares: 1 Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes, em Piracicaba; 2-Museu Histórico e Pedagógico Campos Sales, em Campinas; 3- Museu Histórico e Pedagógico Rodrigues Alves, em Guaratinguetá e 4- Museu Histórico e Pedagógico Washington Luis, em Batatais. Seriam instalados em unidades escolares e sob a orientação do Departamento de Educação como instituições auxiliares da escola.

A retirada do prof. Sólon da diretoria do Departamento inviabilizou a concretização da ideia. Todos os museus foram instalados todavia nenhum se consolidou, Com o Secretário prof. Alipio Correa Neto reformulamos a politica museológica delineada e, através do Decreto n. 33.980, de 19 de novembro de 1958 retiramos os museus dessa condição de “museus escolares”, transferimos a sua subordinação direta do Departamento para o Gabinete do Secretário e ampliamos o quadro para 28 unidades, transformados os museus em Museus Históricos dos municípios onde fossem instalados. Em homenagem ao mestre ilustre que os havia concebido e iniciado, o brilhante prof. Sólon Borges dos Reis, conservamos a designação primitiva dos museus – “Históricos e Pedagógicos”.

A alteração do quadro, de 4 para mais unidades, já havia se iniciado com o Decreto n. 30.324, de 20 dezembro de 1957, pois esse decreto facultava a instalação de outros. museus, em Capivari (Cesário Motta), Santos (Andradas), Pindamonhangaba (D. Pedro I e D. Leopoldina), Casa Branca (Taunay), Porto Feliz (Monções), Sorocaba (Brigadeiro Tobias) e Franca (D. Pedro II).

Graças à oportuna e patriótica colaboração do Prefeito Miguel Simão Neto, que desfrutava de grande prestígio junto ao Governador Jânio Quadros, conseguimos a expedição do decreto que deu existência ao Museu Histórico e Pedagógico Cesário Motta, bem como a designação de Eduardo Maluf para seu encarregado e diretor.

A instalação foi solene e realizou-se no salão nobre do antigo edifício da Câmara, onde se encontrava a Galeria Histórica. Representou o Secretário dr. Alipio Correa Neto, no ato, o Chefe de seu Gabinete, prof. Fábio Moura. Estavam presentes o Prefeito Miguel Simão Neto, o Presidente da Câmara sr. Luiz Soderine Ferracciú, Vereadores, Autoridades e numeroso público. Tivemos ensejo de explicar a finalidade do Museu, o processo de sua organização e o que se esperava de sua obra cívica e cultural em Capivari.

A partir daí, instalado precária e provisoriamente numa saleta da Prefeitura, entrou o instituto museológico em funcionamento, destinando-se esta fase de sua vida à constituição do patrimônio, eis que o órgão praticamente nascia com a Galeria Histórica e alguns documentos que nela haviamos juntado, em 1944. Eduardo Maluf, sem desanimar, entregou-se inteiramente à difícil empresa de agenciar peças de interesse para o acervo em formação.

Divulgando pelos Jornais as doações recebidas, recolhendo nas dependências municipais tudo quanto interessasse ao estudo do passado da cidade, recorrendo a quantos possuíam objetos, documentos, relíquias, jornais, manuscritos, desses velhos tempos capivarianos, recebendo com alegria tudo quanto lhe era oferecido imagens e objetos religiosos, indumentos, armas, minérios, peças arqueológicas, utensílios domésticos, objetos de adorno, estatuetas, retratos, instrumentos musicais, livros manuscritos, quadros, reproduções de edifícios e locais da povoação feitos em tela a óleo, Eduardo realizou um levantamento gigantesco de nosso passado, cuja importância e valor serão devidamente apreciados no futuro. Uma das doações mais preciosas recebeu ele da família do patrono do Museu, dr. Cesário Motta, preciosos livros e documentos que pertenceram ao benemérito médico ao tempo de sua permanência à frente da Secretaria do Interior.

A Prefeitura Municipal, o Serviço de Museus Históricos, o Deputado Lino Morganti, entre outros numerosos doadores, ofereceram coleções de jornais, relíquias da Revolução Constitucionalista, precioso conjunto de fotografias antigas do mais alto interesse, objetos que pertenceram ao povoador Antônio Pires de Almeida Moura, originais de Amadeu Amaral, Afonso de Taunay, Rodrigues de Abreu, João Prata, destacando-se a biblioteca histórica oferecida pelo Deputado Morganti.

Com a demolição do edifício da Prefeitura em 1966 o Museu foi transferido para o Salão Paroquial, na rua Martim Taques, onde permaneceu em condições precaríssimas até lhe ser entregue o edifício do antigo Fórum e Cadeia, da Praça José Zuza, se encontrou até 2013.

Dispondo, hoje, de uma sede ampla e suntuosa, completamente restaurada, o Museu Histórico e Pedagógico Cesário Motta está apto a se transformar num dos grandes museus históricos paulistas, bastando, para tanto, que a administração estadual se disponha, finalmente, a dotar o instituto de recursos materiais e técnicos à altura de suas necessidades.

O mais difícil já foi feito por Eduardo Maluf; a formação do acervo histórico, o “ajuntamento” de peças, documentos, relíquias, manuscritos, livros e demais valores suscetíveis de possibilitar a montagem de bem ordenada exposição temática, que nos revele em toda sua grandiosidade, o passado de nossa cidade, a vida de seus homens. Ilustres, a força de seu engenho e de seu trabalho.

A coleção que Eduardo formou é eminentemente eclética, dai a fonte inesgotável de informações que ela tem condições de oferecer. O retorno às origens envolve, no seu documentário, a própria fase geológica anterior à presença humana na terra. Falta agora, como dissemos, a montagem do Museu em moldes científicos, vitrinas adequadas e abundantes, distribuição do material catalogado em grupos afins, de sorte a permitirem uma visão agradável e ilustrativa dos fatos e vultos focalizados, uma sala de exposições transitórias bem provida de recursos técnicos, uma sala de leitura, onde os livros da biblioteca os jornais da hemeroteca e os documentos do arquivo, possam ser confortável mente estudados. A seção de fotografia, para reprodução das fotos de interesses dos historiadores e estudiosos, a secretaria com todos os seus serviços constituídos, as aulas de museologia, as comemorações cívicas, as palestras culturais, em suma, o aproveitamento, pelo público, sobretudo das escolas da cidade e município, deste valioso acervo, num processo dinâmico que torne efetiva, entre nós, a existência do museu como peça viva da cultura capivariana.

CAMPOS, Vinício Stein. O Menino de Capivari, II Volume, São Paulo: Do Autor, 1982, p. 215-220

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